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“A quixotesca luta de um pesquisador contra alimentos processados”
A revista Época desta semana (edição 1030) traz reportagem especial abordando os impactos das pesquisas sobre alimentação saudável desenvolvidas nos últimos anos pelo professor de nutrição e saúde pública da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Monteiro.
Assinada por Rafael Ciscati, a matéria de seis páginas, de título “Uma voz contra a indústria”, destaca que Monteiro é “uma das principais autoridades do mundo em epidemiologia nutricional”, ramo da ciência que estuda a relação entre alimentação e saúde.
Em 2010, diz a revista, Carlos Monteiro e o grupo de pesquisa que lidera na USP, o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) criaram o conceito de alimento “ultraprocessado”, que designa toda aquela pronta, fabricada com aditivos industriais e que em pouco ou nada se assemelha a verduras, frutas ou carnes. “Não são alimentos de verdade”, explica o professor. “São artigos feitos a partir de alguns componentes dos alimentos. Coisas de que seu corpo não precisa”.
Fazem parte desse grupo de alimentos ultraprocessados salgadinhos empacotados, macarrão instantâneo, hambúrgueres, refrigerantes e biscoitos recheados, entre outros. “Monteiro mostrou, ao estudar os hábitos alimentares no Brasil e em países desenvolvidos, que a incidência de obesidade aumentava conforme o consumo desses alimentos crescia. Era uma relação que a intuição dos nutricionistas havia anos apontava ― e que ele conseguira provar com rigor científico”, afirma a revista.
Segundo a publicação, as críticas vindas da indústria alimentícia se tornaram especialmente ferrenhas durante o processo de elaboração do Guia Alimentar para a População Brasileira, em 2014, documento coordenado pelo Ministério da Saúde e feito sob orientação de Carlos Monteiro. Na ocasião, lembra a revista, a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos (Abia) fez duras críticas às conclusões do Guia.
“O trabalho dele [Carlos Monteiro] incomoda porque é rigoroso e difícil de desacreditar”, afirma a professora Marion Nestle, da Universidade de Nova York. “Quando criou o termo ‘ultraprocessado’, Monteiro encontrou uma forma muito mais eficiente de mostrar o que havia de errado no consumo de junkfood”, diz ela.
Monteiro, completa a reportagem, passou a atentar também para a relação da comida com memória e cultura. “O trabalho do Carlos mostrou, com rigor científico, que as pessoas precisam voltar a cozinhar”, conclui a chef de cozinha e apresentadora Rita Lobo.
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Fonte: Ascom/Consea