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Programas sociais reduzem os impactos da maior estiagem no semiárido
Após cinco anos seguidos de volume de chuvas abaixo da média histórica, a seca do semiárido já é considerada a maior do século. A região inclui Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e o norte de Minas Gerais e conta com cerca de 23 milhões de habitantes.
Vários rios e açudes também secaram. Muitos moradores, inclusive em grandes cidades, só têm acesso à água fornecida por caminhões-pipa bancados pelos governos federal e estaduais.
Reportagem especial publicada na edição desta segunda-feira (9) do jornal “O Estado de São Paulo” destaca que os grandes reservatórios do Nordeste – com potencial de armazenar mais de 10 bilhões de litros de água – operam, em média, com 16,3% da capacidade, percentual que era de 46,3% há cinco anos. Dos 533 reservatórios da região monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA), 142 estão secos, segundo o jornal.
A longa estiagem deixa os tradicionais traços de terra arrasada, plantação cinza, como se tivesse sido queimada, e animais magros, mas a situação da população é diferente de anos atrás, quando a seca expulsava os habitantes do sertão. Hoje as pessoas permanecem no Nordeste porque são atendidas por programas sociais, como Bolsa Família, Bolsa Estiagem, aposentadoria rural, instalação de cisternas e Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
O presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, a Funceme, Eduardo Martins, diz que programas sociais evitam a migração e cita a instalação de mais de 1 milhão de cisternas no semiárido para captar água da chuva.
“Nos últimos 15 anos não se vê mais um grande número de pessoas indo para as capitais ou outros Estados, nem mercados e caminhões com alimentos sendo saqueados ou crianças morrendo de fome”, diz o engenheiro agrônomo Giovanne Xenofonte, da ONG Caatinga, que mantém projetos de agroecologia em Araripe, área formada por dez cidades do interior de Pernambuco.
Com os R$ 600 que recebe do Bolsa Família, o casal Manoel Granja de Souza, de 49 anos, e Maria Elisie, de 39 anos, cuida de oito filhos na área rural de Ouricuri (PE). “Sem o Bolsa Família estaríamos perdidos; teria de pedir ajuda nas ruas da cidade”, diz Elisie.
Foco é convivência com seminárido
A convivência com o semiárido a seca é o principal foco das pesquisas da Embrapa, em Petrolina (PE). Entre os projetos do órgão está o desenvolvimento de variedades resistentes à seca e de plantas da caatinga que sirvam de alimento humano e animal.
Sérgio Guilherme de Azevedo, chefe adjunto da área de transferência de tecnologia da Embrapa, cita o exemplo da gliricídia, planta com proteína trazida da América Central e que ajuda na engorda dos animais. O órgão também faz testes, há vários anos, com gado tipo Sindi, que veio do Paquistão e tem sobrevivido apenas com feno de capim.
Não depender de uma única especialização e diversificar atividades para poder enfrentar com menos sofrimento o período de estiagem é a estratégia adotada pelo produtor Adão de Jesus Oliveira, de 40 anos. Ele, a esposa Fabiana, de 32 anos, e os filhos, de 12 e 8 anos, estão entre as 28 mil famílias da região do Araripe atendidas pelo projeto Caatinga, que tem parcerias com entidades internacionais e o governo federal em trabalhos voltados à agroecologia para pequenos produtores.
Além de criar 28 animais na área rural de Ouricuri (PE), a família cultiva hortaliças, como coentro, e frutas – umbu e acerola, das quais faz poupa, congela e vende ao longo do ano. Planta palmas para dar aos animais e tem atividade de apicultura, embora nos últimos dois anos a falta de floradas tenha prejudicado a produção de mel.
Para tentar evitar mais perdas, a família fez um poço de 52 metros com bomba submersa, e gastou R$ 6 mil. “Foi uma poupança de muitos anos”, diz. “Foi um investimento arriscado, mas nesse período de seca e crise não passamos apertados”.
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Fonte: Ascom/Consea, com informações de O Estado de São Paulo