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Na lancheira escolar, mais alimentos saudáveis e menos açúcar
Os números preocupam! Em 2014, mais de quarenta milhões de crianças com menos de cinco anos foram diagnosticadas como obesas. É o que afirma o relatório da Comissão Para Erradicar a Obesidade Infantil, vinculada à Organização Mundial de Saúde (OMS). Também consta que essa epidemia de obesidade tem o potencial de negar muitos dos benefícios alcançados nos últimos anos em relação à saúde no mundo. Segundo a nutricionista e Conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região, Juliana Bertolin, o quadro é grave e requer uma ampla conscientização, principalmente porque é realidade que prejudicará gerações futuras. “Um dos fatores que pode estar comprometendo são os maus hábitos alimentares. É preciso enfrentar consumo excessivo de açúcar e para tanto é importante garantir que as crianças, na volta às aulas, tenham uma alimentação saudável”.
A alimentação realizada na escola tem um impacto considerável para a saúde. Trata-se de uma refeição realizada diariamente e o planejamento para que ela seja saudável é muito importante para garantir uma alimentação adequada nos primeiros anos da vida. Para que isso aconteça, Juliana argumenta que é preciso evitar alguns alimentos e priorizar outros, criando hábitos que se consolidem no presente e no futuro, gerando mais bem-estar e saúde. “Acima de tudo, é fundamental uma alimentação balanceada, com diversidade e sem excessos, principalmente no que diz respeito ao açúcar refinado, presente em balas, biscoitos, chocolates, pirulitos, gelatinas, refrigerantes e sucos artificiais”.
Planejando o lanche
A lancheira precisa estar cheia de produtos que contenham nutrientes na sua composição natural, como leite, frutas, pães e alguns vegetais. É uma excelente ideia priorizar os alimentos da época, que tendem a estar mais frescos e são mais baratos. No caso das frutas, o ideal é que haja diversidade e muitas cores. Não esqueça dos sucos de frutas naturais, chás feitos em casa e água de coco, conforme o gosto, mas é importante que a água seja utilizada como a principal fonte de hidratação, principalmente para as crianças.
A cantina escolar precisa estar também comprometida o propósito de promover uma alimentação saudável. As mudanças culturais, socioeconômicas e tecnológicas ocorridas nas últimas décadas acabaram por criar uma realidade epidemiológica que se caracteriza por hábitos marcados pelo consumo excessivo de alimentos industrializados, compostos à base de açúcares e gorduras, com o uso indiscriminado de aditivos químicos, o que levou o comércio de alimentos, incluindo as cantinas escolares, a oferecer produtos que causam danos à saúde, principalmente as guloseimas de origem industrial, que possuem baixo valor nutritivo.
Direito Humano à Alimentação Adequada
Essa realidade, no entanto, tem mudado com a conscientização da importância da qualidade alimentar, e do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), previsto entre os direitos sociais da Constituição Brasileira, desde a aprovação da Emenda Constitucional n.º 64, de fevereiro de 2010. A oferta de alimentos nas cantinas escolares foram regulamentadas e o Ministério da Saúde (MS) criou a cartilha “Manual das Cantinas Escolares Saudáveis: promovendo a alimentação saudável”. Esse é um dos produtos que o acordo de cooperação técnica entre o MS e a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) tem como instrumento para reunir esforços no sentido da promoção da qualidade de vida e da prevenção de doenças no ambiente escolar.
Açúcar
O Ministério da Saúde orienta, que no caso das crianças com menos idade, o açúcar refinado seja expressamente evitado, afinal, nesse período da vida a percepção do paladar está se estruturando na criança e, assim, estão se formando os gostos alimentares, que darão origem aos hábitos que a acompanharão por toda a vida. O açúcar é um carboidrato presente em inúmeros alimentos e, se por um lado, os carboidratos são a mais importante fonte de obtenção de energia do nosso corpo, consumi-os excessivamente leva costumeiramente ao sobrepeso, à obesidade e à diabetes.
Riscos
O consumo de produtos cuja base é o açúcar refinado deve ser sempre moderado, pois representa riscos evidentes à saúde. A obesidade é apenas um deles. Mas há riscos também de doenças cardiovasculares, diabetes e outras, incluindo alguns tipos de câncer. Isso sem esquecer o dano que o açúcar refinado causa aos dentes. No plano da saúde mental, também há contraindicações. A criança que consome alimentos desse tipo com frequência e em excesso pode ter sua capacidade de concentração bastante reduzida, apresentar comportamento hiperativo e se mostrar usualmente irritadiça. É que a ingestão desses produtos pode ter relação com o aumento da concentração de hormônios, como a adrenalina e insulina, que levam a criança a uma excitação hiperativa.
Outro ponto a ser considerado é que o açúcar refinado possui uma propriedade indesejável sob o ponto de vista nutricional. O processo de refinamento indica que houve uma redução de seu valor nutritivo, o que significa dizer que esse tipo de açúcar, que é o mais consumido, alimenta muito pouco e, por outro lado, é uma das principais causas do sobrepeso e da obesidade. Tanto é assim que a OMS recomenda que a ingestão de açúcar refinado não ultrapasse 10% do consumo diário de calorias, o equivalente a 2000 calorias ou quatro colheres de sopa rasas.
Fonte: CRN-8