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Pesquisa mostra presença de agrotóxicos em alimentação escolar no Rio de Janeiro

publicado: 17/10/2016 17h08, última modificação: 11/09/2017 15h12

Uma pesquisa realizada pelo Greenpeace Brasil, no município do Rio de Janeiro, revela que em 20 amostras de alimentos usados na alimentação escolar foram encontrados agrotóxicos em 60% deles. A informação foi publicada na edição desta segunda-feira do jornal O Globo.   

Para realizar a pesquisa inédita, a ONG adquiriu 40 quilograma de comida de um fornecedor da rede de ensino carioca. “Na avaliação dos produtos, foram encontrados agrotóxicos em 60% das 20 amostras. E 45% apresentaram alguma irregularidade, como a presença de um pesticida proibido no Brasil, o metamidofós, que foi verificado em 10% das amostras”. 

De acordo com o jornal, o Rio foi o “laboratório” escolhido porque, segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) pesquisados pelo Greenpeace, a prefeitura não destinou nenhuma verba do Plano Nacional de Alimentação Escolar para agricultura familiar em 2014, descumprindo a legislação, que determina que pelo menos 30% seja da agricultura familiar. 

“Os resultados que encontramos foram espantosos”, aponta Rafael Cruz, membro do Greenpeace Brasil. “O que o levantamento revela é uma falta de controle, e as propostas que tramitam atualmente no Congresso vão potencializar esse cenário”, afirma ele, em referência a propostas na Câmara dos Deputados para alterar a atual Lei dos Agrotóxicos. 

“Não é incomum encontrar o uso de substâncias proibidas no Brasil. Esta realidade que se mostra nas escolas é a mesma nos supermercados e restaurantes do país, com cerca de um terço dos alimentos impróprios. Se os agrotóxicos têm sido associados a alterações hormonais e efeitos crônicos, nas crianças isto se agrava, porque o organismo ainda está em desenvolvimento”, afirma Karen Friedrich, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e membro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). 

Segundo o Greenpeace Brasil, apenas duas capitais brasileiras têm legislação para a transição para merenda escolar orgânica: São Paulo e Porto Alegre. Para as eleições municipais deste ano, a ONG elegeu a alimentação como uma das três prioridades na pressão a candidatos, e vem buscando o compromisso deles com propostas como a garantia de comida sem agrotóxicos para os alunos. 

O jornal publicou também a resposta da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que rebateu os dados apresentados pelo Greenpeace Brasil. Em nota, a secretaria informou possuir um projeto em conjunto com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para fornecimento de produtos orgânicos da agricultura familiar para a rede municipal de ensino, um projeto assinado com a União das Associações e Cooperativas de Pequenos Produtores Rurais do Estado do Rio. Informou ainda que está ampliando seu trabalho em conjunto com outros órgãos/instituições com o objetivo de adquirir gêneros alimentícios da agricultura familiar. “Especificamente no ano de 2014 foi realizada uma chamada pública para o fornecimento desses itens, porém, não houve interessados”, informou a secretaria ao jornal. 

Posição do Consea

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) defende que pelo menos 30% dos produtos da alimentação escolar tenham origem na agricultura familiar, conforme prevê a legislação. A medida movimenta a economia regional, gera renda para pequenos produtores e melhora a qualidade dos alimentos consumidos no ambiente escolar, com produtos livres de transgênicos e agrotóxicos.  

O Consea também defende a proibição, no Brasil, dos agrotóxicos banidos em outros países. Na 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em novembro do ano passado, em Brasília, os conferencistas aprovaram diversas propostas sobre o assunto, como a implantação, pelo governo federal, do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara).   

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Fonte: Ascom/Consea, com informações de O Globo