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Seminário Internacional aborda a Cúpula dos Povos

por Consea publicado: 21/03/2012 00h00, última modificação: 18/09/2017 14h08

Representantes de entidades da sociedade civil de diversas regiões do país e da América Latina estão no Rio de Janeiro para organizar a programação da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontecerá em junho.

Desde o último domingo (18) cerca de 60 pessoas de diversos países participam do Seminário Internacional, promovido pelo Comitê Facilitador da Cúpula dos Povos, para acertar a metodologia do evento, sua operacionalidade e divulgação.

Os temas prioritários da Cúpula serão direitos humanos, territórios e soberania alimentar. As atividades vão se orientar em três eixos: causas estruturais da crise ambiental, falsas soluções da economia verde e propostas com base nas experiências concretas dos povos do mundo inteiro. O modelo de produção agrícola é um dos principais problemas apontados, assim como as políticas de compensações ambientais na emissão de crédito de carbono.

Em coletiva à imprensa, o comitê disse que se reuniu com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, nos últimos dias e ficou acertada a realização das atividades no Aterro do Flamengo. Mas a prefeitura, segundo os organizadores do evento, está dificultando a instalação de acampamentos e alojamentos na região, e quer levar as cerca de 10 mil pessoas esperadas para a Quinta da Boa Vista, longe do centro da cidade. A estimativa dos organizadores é de até 20 mil pessoas participarem da Cúpula.

“Está em disputa a política de visibilidade, porque a ECO 92 foi um marco nesse território. É um espaço de grande convergência da cidade. Até quinta-feira a prefeitura vai nos oferecer uma possibilidade”, afirmou Graciela Rodrigues, do Comitê Facilitador.

Na Cúpula dos Povos haverá encontros com temas específicos, que serão debatidos e levados à Assembleia Geral, na qual um documento será sistematizado pela sociedade civil e entregue aos governos. Outras propostas estão em discussão, como a instalação de tendas indígenas, disponibilização de alimentos orgânicos, dentre outras características típicas dos povos durante a realização.

A principal proposta da Cúpula é sair da crítica e denúncia para a apresentação de propostas concretas dos povos. Nesse sentido, Marcelo Durão, representante da Via Campesina, deu alguns exemplos.

“A reforma agrária continua em pauta, e a agricultura familiar esfria o mundo, tem maior relação com a natureza. É de uso, mas não degradação. Vamos debater essas experiências que a gente não consegue visibilizar, como a agroecologia, que é toda uma relação diferente que o agricultor tem com seu território, a natureza e com o consumidor. É um conjunto de mudanças na produção e desenvolvimento, mas não é só uma mudança técnica”, apontou Durão.

Os movimentos temem o descumprimento dos compromissos assumidos pelos países, assim como ocorreu com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, acordados nas Nações Unidas, nos últimos 10 anos. E sustentam que o sistema capitalista está procurando sua revitalização após a crise de 2008, à custa de direitos adquiridos pelos trabalhadores nas áreas ambientais e trabalhistas. A mercantilização dos bens comuns é uma denúncia recorrente feita pelas organizações.

Haverá uma Caminhada dos Povos no dia 25 de março, a partir das 15h, do Morro Cantagalo até o Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, onde vão ocorrer várias atividades. Estão previstos na programação shows, oficinas de pipa, agroecologia, arte com lixo e feira de trocas, dentre outras realizações.

Fonte: Articulação Nacional de Agroecologia