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Movimentos do campo aprovam programa educacional

por Consea publicado: 21/03/2012 00h00, última modificação: 18/09/2017 14h08

Najla Passos

Sob os aplausos dos movimentos sociais, a presidenta Dilma Rousseff lançou, nesta terça (20), em cerimônia no Palácio do Planalto, o Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo), que vai oferecer apoio técnico e financeiro aos estados e municípios para implementação da política de educação para atender comunidades rurais e quilombolas.

“Este é um daqueles momentos em que a gente tem orgulho de ser presidenta da República. E não é um orgulho qualquer, porque me gratifica, como presidenta, implementar um programa que vai levar, sobretudo à população jovem deste país, um outro destino, a possibilidade de outros sonhos e de mais realizações”, afirmou Dilma Rousseff.

De acordo com a presidenta, o Pronacampo proporcionará aos estudantes do campo acesso às mesmas oportunidades oferecidas aos filhos dos trabalhadores das cidades, como o acesso ao ensino profissionalizante e à educação superior.

“Estamos apostando, sobretudo, que uma outra geração também se beneficiará com tudo isto que fazemos nesta, mudando a feição do campo brasileiro e garantindo que ele será um lugar digno, de qualidade para se morar e se criar os filhos. Eu acho que esse papel do Pronacampo é estratégico. Sem isso, nós não teremos de fato condições de transformar o Brasil numa grande nação”, acrescentou.

De acordo com o ministro da Educação, Aloísio Mercadante, o programa possui metas ousadas e já conta, este ano, com orçamento de R$ 1,8 bilhão. Prevê educação integral em 10 mil escolas rurais, material didático específico para três milhões de alunos, expansão dos laboratórios digitais para mais 20 mil escolas, 120 mil bolsas para o ensino profissionalizante, construção de três mil novas escolas, aquisição de oito mil ônibus, duas mil lanchas e 180 mil bicicletas, formação continuada para os 340 mil professores rurais, cuja metade sequer possui graduação, entre outras.

Mercadante estima que, até o final do mandato da presidenta, o programa resgatará grande parte da dívida histórica dos governos com a população rural brasileira. Hoje, no campo, 23,18% da população com mais de 15 anos é analfabeta e 50,95% não concluiu o ensino fundamental, números bastante superiores à média nacional.

Ele acredita que o programa também ajudará a estancar o fechamento das escolas rurais, que vem se acentuando no país. Segundo o ministro, só nos últimos cinco anos, 13.691 escolas foram fechadas, em função, muitas vezes, do processo de evasão da população para a cidade, mas, na maioria delas, de uma política para reduzir custos com a área, que obriga os estudantes a irem cada vez mais longe para freqüentar a escola.

Para sanar o problema, além de oferecer apoio técnico e financeiro aos estados e municípios, o governo enviou ao Congresso, também nesta terça, proposta de projeto de lei que impede o fechamento de escolas por decisão exclusiva dos prefeitos. Conforme Mercadante, a proposta, que irá alterar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), estabelece que os conselhos estaduais e municipais de educação deverão ser consultados antes do encerramento das atividades.

Representando os movimentos sociais e o Conselho Nacional de Educação do Campo (Conec), o secretário de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), José Wilson Gonçalves, ressaltou em discurso que a educação precisa contribuir com o desenvolvimento do campo brasileiro.

Entretanto, deixou bem claro que este desenvolvimento não é o das máquinas e da tecnologia agrícola. “O desenvolvimento no campo que nós queremos que seja reconhecido é este em que possa ser visto o campo com gente, que possa ser visto o campo a partir das pessoas que produzem os alimentos que o povo brasileiro consome”, delimitou.

Para o representante dos movimentos sociais, a educação precisa considerar o desenvolvimento a partir da diversidade, da cultura, dos saberes, dos costumes, das realidades regionais. “O Pronacampo tem a cara, tem o coração e tem alma das organizações sociais, que se esforçam pelo Brasil com o objetivo de construir referências”, acrescentou.

Fonte: Carta Capital