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"Falta de território é um dificultador para catadoras de mangaba"

publicado: 07/03/2018 16h44, última modificação: 07/03/2018 16h44
Imagem: Victor Moura/Consea

Imagem: Victor Moura/Consea

A mangaba está presente na vida dos moradores do povoado do Pontal, no município de Indiaroba, litoral sul de Sergipe. Mais de 400 famílias da comunidade têm no extrativismo do fruto a principal fonte de sustento.

Neta e filha de catadoras de mangaba, Alícia Santana deu seguimento à tradição familiar e, juntamente com os cinco filhos, faz da colheita da mangaba o seu meio de vida.

Além do aspecto econômico, Alícia destaca a relevância do extrativismo da mangaba para a preservação ambiental. “As catadoras cuidam bem das árvores e se preocupam com a dispersão das sementes e plantação de novas mudas”.
Coordenadora do Movimento das Catadoras de Mangaba, Alícia participa nesta semana do Encontro 5ª+2, em Brasília, onde concedeu a seguinte entrevista para o site do Consea.

Quais as características da atividade de extração de mangaba?

A extração da mangaba é executada quase que exclusivamente por mulheres. Os homens se dedicam mais à prática da pesca. Além do litoral sul, o extrativismo da mangaba está presente em outras regiões do norte de Sergipe, como Japaratuba, Pirambu e Barra dos Coqueiros.

Quantas pessoas atuam na colheita da mangaba?

No último levantamento que fizemos, identificamos que, em todo o estado de Sergipe, mais de 5 mil famílias sobrevivem da prática da pesca e do extrativismo da mangaba. Mais de 400 famílias do povoado do Pontal, onde vivo, fazem da colheita da mangaba a sua principal fonte de sustento.

Como surgiu o Movimento das Catadoras de Mangaba?

O movimento foi criado em 2007, ao identificarmos a necessidade de trabalharmos em grupo e de beneficiarmos o fruto para agregar valor ao produto.

Quais as principais dificuldades enfrentadas?

A plantação de eucalipto e cana-de-açúcar vem avançando bastante na região. A falta de território é um dificultador para a nossa atividade, assim como é para as quebradeiras de coco babaçu, no Maranhão.

E qual a alternativa para essa realidade?

A alternativa seria a criação da reserva extrativista do litoral sul de Sergipe, proposta em 2005 pelo movimento dos pescadores. Em 2007, nós também aderimos a essa luta.

Que políticas públicas deveriam ser implantadas para estimular a atividade das catadoras de mangaba?

Precisamos ter acesso a projetos de capacitação para a produção e beneficiamento do produto “in natura”. Já temos funcionando quatro unidades de beneficiamento da mangaba, que produzem geleia, licor, bolo, bombom, biscoito e vários outros produtos. A realização de oficinas de agroecologia também é de grande importância para a preservação ambiental e para assegurar a continuidade da extração da mangaba por muito tempo. Queremos participar da composição do Consea, no município, no estado e em nível nacional.

Entrevista: Francicarlos Diniz

Fonte: Ascom/Consea