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Entrevista: “O não-indígena é que traz alimento industrializado”
Aos 56 anos, Vanda Domingos da Silva, do povo Makuxi, nota a grande diferença na alimentação dos mais jovens em relação à época em que era criança na aldeia. Desde os 18 anos, Vanda Makuxi é pajé do seu povo e acompanha de perto a mudança na alimentação e as conseqüências graves provocadas na saúde dos indígenas. O povo Makuxi ocupa o nordeste do estado de Roraima.
Quais as diferenças na alimentação de quando a senhora era criança para os dias de hoje?
Quando eu era criança, nosso café da manhã era beijú, tapioca, mingau de arroz, mingau de milho, mingau de banana, mingau de inhame, mingau de goma. Então, hoje,as mulheres oferecem alimentos comprados para os filhos. Compram alimentação como salgadinhos e isso não é bom alimento. Antes tudo era feito na hora. Agora tudo é guardado em geladeira pro dia seguinte. Não é alimento saudável.
E hoje como é a plantação de alimentos na região?
A gente planta arroz, milho, feijão, abóbora.
Quais alimentos os jovens costumam comprar fora?
Eles compram frango de supermercado, calabresa, ovos. Eles compram massa pronta, pizza, sardinha, conserva. A gente não comia isso.
E por que passaram a buscar alimentação fora das aldeias?
Muitas vezes, o índio não vem pra cidade pra comprar alimento. O não-indígena que traz pra dentro da comunidade. Eles que levam, até cachaça pras comunidades. Isso afeta a saúde da gente também.