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Dica de leitura: Segurança Alimentar e Nutricional

Renato Sérgio Jamil Maluf, editora Vozes, 2007

publicado: 29/06/2017 16h28, última modificação: 13/04/2018 15h56

     Ainda que muitos fatores causadores da iniquidade social e comprometedoras do meio ambiente ainda persistam, no livro “Segurança Alimentar e Nutricional” Renato Maluf ressalta que o Brasil tem apresentado indicadores positivos na redução da pobreza extrema. O autor enumera os avanços conceituais e de intervenção ocorridos nas últimas décadas, que fizeram com que o Brasil recebesse atenção no debate internacional a respeito do tema. Um marco nesse processo foi consagrar esse enfoque na Lei Orgânica da SAN (11.346/06) e a instituição do Sistema Nacional de SAN.

Por outro lado, o autor demonstra preocupação quanto aos desafios a serem enfrentados pelos governos e pela sociedade civil brasileira. Além da atenção especial com as desigualdades de renda, de gênero, raciais e étnicas e a concentração de terras, o aumento do consumo de alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar, encontrados principalmente em refeições prontas, juntamente com a redução de alimentos essenciais como arroz, feijão, frutas e hortaliças e a liberação de transgênicos, são exemplos dos novos obstáculos a serem enfrentados. 

O acesso aos alimentos, destaca Renato Maluf, engloba não apenas comer regularmente, mas também comer bem, com alimentos de qualidade e adequados aos hábitos culturais, com base em práticas saudáveis e que preservem o prazer associado à alimentação. Essa perspectiva aplica-se marcantemente aos indivíduos ou grupos com maior vulnerabilidade à fome, pois não se trata de assegurar-lhes qualquer alimento. 

Além disso, família ou grupos sociais podem ter acesso regular aos alimentos e evitar a ocorrência da fome e mesmo da desnutrição, porém não se encontram numa condição de SAN caso o custo da alimentação comprometa boa parte da renda familiar e impeça o acesso aos demais componentes de uma vida digna como a educação, a saúde, a habitação e o lazer. 

O autor destaca o pioneirismo de Josué de Castro na inclusão da relação entre o biológico, o econômico e o social que se manifesta na fome. Aos fatores de tipo econômico e social, Castro acrescentava a ignorância dos fundamentos da ciência da alimentação, resultando na má aplicação da escassa disponibilidade financeira e na composição de uma dieta alimentar imprópria, isto é, insuficiente, incompleta e desarmônica. 

Renato Sérgio Jamil Maluf é bacharel, mestre e doutor em Economia. Presidiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) em dois mandatos consecutivos, de novembro de 2007 a março de 2012.

Fonte: Ascom/Consea