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Atitude Cidadã: Legado de Betinho

O sociólogo Herbert e Souza, o Betinho, sempre acreditou nas pessoas. Achava que com a organização da sociedade, mesmo que de modo simples, era possível mudar a realidade do país.
publicado: 13/08/2012 00h00, última modificação: 29/06/2017 10h41

Gleyse Peiter

O sociólogo Herbert e Souza, o Betinho, sempre acreditou nas pessoas. Achava que com a organização da sociedade, mesmo que de modo simples, era possível mudar a realidade do país. Pensava que as organizações só valiam a pena se fosse para melhorar a vida das pessoas, principalmente aquelas mais vulneráveis. A força dessa inegável realidade fez com que, no inicio dos anos 90, milhares se organizassem, tanto indivíduos quanto organizações e empresas, atuando como voluntários em campanhas e no desenvolvimento de projetos sociais.

Betinho foi um dos responsáveis pela mobilização em torno da luta contra a fome e a miséria no Brasil, além de fundador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). Em 1993 participou da criação do Movimento pela Ética na Política, que teve como resultados a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, e o Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep).

O Coep, hoje, atua em todo território brasileiro como uma rede nacional de mobilização social, com cerca de 800 organizações associadas, 100 comunidades e mais de 28 mil pessoas, articulando parcerias entre as organizações, comunidades e indivíduos, para o desenvolvimento de ações e projetos para erradicação da pobreza.

Quase 20 anos depois, os indicadores sociais brasileiros mostram uma significativa melhora, fruto do crescimento da economia e dos programas sociais implementados que vêm promovendo a inclusão, principalmente, da faixa da população de baixíssima renda. Entretanto, segundo o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, o Brasil tem o terceiro pior índice de desigualdade no mundo e, apesar do aumento dos gastos sociais nos últimos anos, apresenta uma baixa mobilidade social e educacional entre gerações. Um terço da população brasileira se encontra em algum grau de insegurança alimentar.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que há 25 anos este índice não muda: metade da renda total do Brasil está em mãos dos 10% mais ricos do país. E os 50% mais pobres dividem entre si apenas 10% da riqueza nacional, sem contar que os negros e as populações indígenas são os mais prejudicados pela desigualdade social.

Tudo isso significa que há muito a ser feito e, ao observar as comunidades onde a rede do Coep atua, em todo o país, é possível encontrar milhares de pessoas que acreditam poder contribuir para mudar esta situação. Para estas pessoas foi criado o Prêmio Betinho.

O prêmio, que este ano realiza sua 5ª edição, é uma homenagem ao sociólogo que deixou acesa nos corações e mentes dos brasileiros a chama da solidariedade. Procura valorizar e reconhecer as pessoas que atuam para acabar com a pobreza e tornar o Brasil mais justo, aqueles que participam ativamente da comunidade onde vivem ou onde desenvolvem ações sociais, transformando a realidade local e fazendo a diferença.

Neste 9 de agosto, faz 15 anos que Betinho morreu. Também neste dia, e até 18 de novembro, ocorre pela internet o processo nacional de votação aos indicados ao prêmio, selecionados por representantes técnicos dos Coep estaduais e municipais. É importante a participação de todos. Cada voto, que deve ser feito pelo site www.coepbrasil.org.br/premiobetinho, representa o reconhecimento do valor dessas pessoas anônimas que, diariamente, tentam contribuir para a transformação social.

 

Gleyse Peiter é engenheira eletricista, secretária executiva do Coep e conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

Artigo originalmente publicado em COEP.